CIÊNCIA & TECNOLOGIA
O céu não é o limite | Água em Marte, Einstein estava certo e muito mais!
Quanta água existe em Marte? Ainda não sabemos, mas a resposta, se um dia vier, pode nos surpreender. Já surpreende os cientistas a nova descoberta de uma quantidade inesperada de água na região de Valles Marineris, onde a temperatura e pressão já deveriam ter evaporado tudo. O que está havendo por lá? Será que há um sistema desconhecido que ajuda a perservar a água? É o que os pesquisadores tentarão descobrir.
Outras descobertas se destacaram na semana, como a natureza do objeto misterioso que escapou de um buraco negro supermassivo em 2014. Além disso, foram encontrados possíveis “fósseis” dos braços espirais da Via Láctea.
Confira essas e outras notícias astronômicas abaixo.
Cânions em Marte com quantidade surpreendente de água
Que existe água congelada em Marte, os cientistas já sabiam. Agora, a sonda orbital ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) descobriu uma área com uma estranha quantidade de hidrogênio ligado a moléculas de água. Os cientistas estimam que pelo menos 40% do material perto da superfície na região (que é do tamanho da Holanda) seria água.
Essa água pode estar na forma de gelo, mas a temperatura e pressão próximas do equador deveriam ter evaporado tudo por lá. Então, é possível que haja alguma condição desconhecida na região de Valles Marineris preservando o reservatório de água.
Relatividade Geral de Albert Einstein comprovada de novo
As teorias de Albert Einstein foram comprovadas (sim, mais uma vez) em um estudo de 16 anos de duração que usou um sistema binário de pulsares (um tipo de estrela de nêutrons que emitem “flashs” constantemente e com a precisão de um relógio). No sistema binário, a luz do flash de uma estrela é distorcida pelo campo gravitacional da companheira, e vice-versa. Essa distorção é prevista pela teoria da Relatividade Geral.
Os pesquisadores realizaram outros experimentos durante esses 16 anos observando a dupla de pulsares, todos para testar a Relatividade Geral. Um deles analisou a forma como a orientação da órbita do sistema binário muda e a forma como os pulsares arrastam o espaço-tempo conforme giram. Foram sete experimentos no total, todos bem-sucedidos em confirmar as ideias de Einstein.
Estrelas “dançam” ao redor de buraco negro no centro da Via Láctea
Cientistas conseguiram capturar as imagens mais detalhadas e nítidas do núcleo da Via Láctea, onde está o buraco negro supermassivo Sgr A*. Com isso, eles puderam observar a órbita das estrelas ao redor do buraco negro, incluindo uma que ainda não havia sido descoberta.
Encontrar e “seguir” a órbita dessas estrelas é útil porque permite calcular com maior precisão as características do buraco negro. Por exemplo, as novas imagens ajudaram a determinar que o Sgr A* tem 4,3 milhões de massas solares e fica a 27.000 anos-luz de distância da Terra. Essas são as estimativas mais precisas já obtidas até agora.
Buraco negro recém-nascido devora estrela de dentro para fora
Um objeto de explosão estelar descoberto em 2018, conhecido como “The Cow”, seria uma estrela dando origem a um buraco negro ou a uma estrela de nêutrons, de acordo com cientistas do MIT. A equipe calculou que os raios X emitidos durante a explosão devem ter vindo de um objeto medindo apenas mil quilômetros de largura, aproximadamente, com massa menor que 800 sóis.
A explosão, muito mais brilhante que qualquer supernova já vista, parece indicar um fenômeno nunca antes detectado: o nascimento de um buraco negro. O objeto luminoso provavelmente uma estrela no fim de sua vida que entrou em colapso e deu origem a um objeto compacto, que começou a devorar a estrela por dentro.
Estrelas “bebês” escapam de buraco negro supermassivo
O objeto chamado G2, que escapou ileso do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea em 2014, intrigou os cientistas por anos, porque sua aproximação foi o suficiente para ser destroçado pela gravidade do Sgr A* — a menos que G2 fosse outro objeto bastante massivo, e parece que esse é o caso.
Imaginava-se anteriormente que o G2 fosse algum tipo de nuvem de poeira, mas um novo estudo mostra que ele pode ser formado três estrelas recém-formadas, ainda envoltas na nuvem de gás e poeira que lhes deu origem.
Uber Eats faz entrega comida japonesa para a ISS
A primeira entrega de comida no espaço por uma empresa de aplicativo aconteceu nesta semana. A Uber Eats foi até o espaço, por meio do bilionário japonês Yusaku Maezawa, que embarcou na Estação Espacial Internacional (ISS) no dia 8 de dezembro. Pratos japoneses foram compartilhados com os membros da tripulação a bordo.
O objetivo da campanha é mostrar que a Uber Eats está disponível para ajudar as pessoas a irem a qualquer lugar e a conseguirem qualquer coisa. Clientes na Terra também ganharam cupons de desconto ao usar o código SPACEFOOD.
“Fósseis” de braços espirais antigos da Via Láctea
Um novo mapa do disco externo da Via Láctea revelou algo que parecem “fósseis” de braços espirais da nossa galáxia. Ainda não se sabe ao certo, mas as estruturas podem estar, de fato, relacionadas a uma época em que nossa galáxia interagira com outras.
Essas interações ocorreram há muito tempo, em diferentes momentos e deixaram suas “marcas” devido aos efeitos das forças de maré. Gaia-Enceladus é uma dessas galáxias satélites com a qual a Via Láctea interagiu no passado (ela acabou devorada mais tarde). Então, pode ser que esse processo deixou os “fósseis” de braços no disco da nossa galáxia.
Sonda da NASA “toca” o Sol pela primeira vez
A NASA comemorou esta semana um marco histórico: a sonda Parker Solar Probe “tocou” o Sol pela primeira vez. Isso significa que ela fez seu mergulho através da coroa solar, a atmosfera superior da nossa estrela, onde a temperatura chega a 1 milhão de graus Celsius. A sonda coletou amostras de partículas e campos magnéticos por lá.
Um novo sobrevoo para atravessar a coroa novamente acontecerá em janeiro de 2022. A sonda continuará sua jornada em direção ao Sol em uma trajetória espiral, até ficar a 6,11 milhões de km de sua superfície.
Rover Zhurong “conversa” com sonda Mars Express
O rover Zhurong e a sonda europeia Mars Express pertencem a missões diferentes, mas isso não impediu que eles conseguissem se comunicar. A sonda conseguiu, inclusive, transmitir dados do veículo chinês à Terra. A “conversa” foi parte de uma série de testes de comunicação experimental, e os dados obtidos pelo orbitador europeu foram encaminhados à equipe do Zhurong, na China.
Tudo isso foi possível porque há uma colaboração entre a ESA e a agência espacial chinesa (CNSA), permitindo uma série de testes de comunicação entre os dois equipamentos. A ESA disse que há uma possibilidade de a Mars Express tenha “um papel formal de transmissão de dados do rover Zhurong no futuro”.