Internacional
A banalização dos massacres em escolas dos EUA
De Columbine a Sandy Hook. De Parkland a Uvalde. EUA registram com regularidade chacinas em instituições de ensino desde o fim dos anos 1990. E pouco foi feito para controlar o comércio de armas
De Columbine a Sandy Hook. De Parkland a Uvalde. Há mais de duas décadas, os Estados Unidos têm sido um palco regular de ataques a tiros em escolas. Um dos atentados mais tristemente celébre ocorreu na escola de ensino médio Columbine, em Littleton, no estado Colorado, no qual dois alunos mataram 12 estudantes e um professor, e depois cometeram suicídio.
O mais recente, nesta terça-feira (24/05), deixou 21 mortos em Uvalde, no sul do Texas.
Segundo o governador do Texas, Greg Abbott, o agressor “atirou e matou, de forma horrível e incompreensível”. As vítimas são 19 crianças e dois professores. Autoridades informaram que o suspeito, identificado como Salvador Ramos, de 18 anos, foi morto por oficiais após uma troca de tiros.
Ramos era morador de Uvalde, uma cidade de 15 mil habitantes no sul do estado do Texas, e estava armado com um revólver e um fuzil semiautomático, de acordo com os investigadores. As autoridades afirmaram ainda que, antes de partir em direção à escola, o suspeito atirou em sua avó – que foi transportada com vida a um hospital.
Visivelmente abalado, o presidente Joe Biden fez um apelo por um maior controle no acesso e comércio de armas de fogo nos Estados Unidos.
“Quando, em nome de Deus, vamos enfrentar o lobby das armas? Quando, em nome de Deus, vamos fazer o que todos nós sabemos que precisa ser feito?”, questionou Biden na noite desta terça, logo após retornar de uma viagem de cinco dias à Ásia. “Estou cansado disso. Temos que agir. E não me digam que não podemos ter um impacto nessa carnificina.”
Desde Columbine, em 1999, outros cinco ataques com armas de fogo em escolas ou instituições de ensino americanas se destacaram. Confira os principais:
O massacre de Columbine
No dia 20 de abril de 1999, uma terça-feira, dois adolescentes portando diversas armas e duas bombas caseiras se dirigiram até a Columbine High School, no condado de Jefferson, subúrbio de Denver, no Colorado.
Alunos da escola, eles entraram no prédio e depositaram suas mochilas, lotadas de explosivos, na lanchonete, e deixaram o local. A ideia era que os estudantes, assustados, corressem na direção deles, que estavam à espera, do lado de fora.
Como as bombas não explodiram, eles entraram novamente na escola e começaram o massacre. Primeiramente, na lanchonete. Depois, na biblioteca, onde promoveram sessões de tortura psicológica com as vítimas.
Ao serem cercados pela polícia, os dois adolescentes, de 17 e 18 anos, cometerem suicídio. No ataque, 12 estudantes e um professor morreram. Outras 24 pessoas ficaram feridas.
Virgina Tech: o mais letal dos atentados
Na manhã de 16 de abril de 2007, um estudante sul-coreano do Instituto Politécnico da Virgínia (Virginia Tech) abriu fogo contra alunos e professores no campus de Blacksburg.
No ataque, 33 pessoas morreram e outras 33 ficaram feridas. Foi o ataque mais letal já registrado em uma instituição de ensino americana.
O atirador, que tinha 23 anos, cometeu suicídio. Antes, em um vídeo enviado à polícia durante o ataque, ele aparentemente idolatrou os autores do massacre de Columbine, chamando-os de “mártires”.
Sandy Hook: 26 mortos
Em 14 de dezembro de 2012, um jovem de 20 anos matou 20 crianças, com idades entre seis e sete anos, e seis adultos, na escola Sandy Hook, em Newtown, Connecticut.
Antes do ataque, ele matou a própria mãe. Na escola, depois do ataque, cometeu suicídio.
Os pais das vítimas lideraram inúmeras campanhas para endurecer o controle de armas nos Estados Unidos, mas os esforços não foram suficientes para promover mudanças significativas nas leis.
Atentado em Parkland
No dia 14 de fevereiro de 2018, um jovem de 19 anos atacou estudantes e funcionários da escola Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, no sul da Flórida. Ele era ex-aluno da instituição e havia sido expulso por problemas disciplinares.
Portando um rifle semiautomático, ele matou 14 alunos e três funcionários, além de ferir outras 17 pessoas. Detido, declarou-se culpado das 17 acusações de assassinato premeditado.
O julgamento do autor dos disparos, que pode ser condenado à prisão perpétua, está ocorrendo atualmente na Flórida.
Outro ataque no Texas
Dez pessoas, entre elas oito estudantes, foram mortas quando um adolescente de 17 anos armado com uma escopeta e um revólver abriu fogo contra alunos da escola Santa Fé, na zona rural da cidade de Santa Fé, no Texas.
Outras 10 pessoas ficaram feridas no episódio, que ocorreu em 18 de maio de 2018, logo após o início das aulas, pela manhã.
Após o ataque, o governador Greg Abbott, um republicano pró-armas, se limitou a publicar uma carta com 40 recomendações focadas no aumento da segurança armada em escolas e na identificação de crianças e adolescentes com problemas mentais. Seu governo não tomou medidas para dificultar o acesso a armas de fogo.