Internacional
Milhares protestam na Alemanha contra medidas anticovid
Manifestantes saem às ruas contra possível vacina obrigatória e divisão da sociedade devido a restrições para não vacinados. Policiais ficam feridos em protesto não autorizado. Autoridades preocupam-se com radicalização
Milhares de oponentes de medidas de proteção contra o coronavírus voltaram às ruas de várias cidades da Alemanha na noite desta segunda-feira (13/12). Os protestos se voltaram sobretudo contra uma possível vacinação obrigatória contra a covid-19 e, em alguns lugares, contra uma divisão da sociedade devido a restrições para não vacinados.
Segundo a polícia, a maior manifestação de todas ocorreu em Magdeburg, a capital da Saxônia-Anhalt, no leste alemão, com cerca de 3.500 pessoas.
Seis policiais ficaram feridos numa manifestação proibida com até 2.000 participantes em Mannheim, ao sul de Frankfurt. A polícia de Mannheim disse que as pessoas se locomoveram pelo centro da cidade sem respeitar as regras de distanciamento e a obrigatoriedade de usar máscaras.
Os manifestantes ignoraram ordens para deixar a área, e alguns teriam tentado romper um cordão policial. Foram denunciadas 121 pessoas por violações da lei de reunião. Outras três pessoas estão sujeitas a processos criminais por ofensas à autoridade policial.
Maioria no leste da Alemanha
Somente no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, no nordeste do país, cerca de 7 mil pessoas protestaram em ao menos 12 cidades. A polícia contou 2.900 participantes em Rostock; 1.200 em em Neubrandenburg; e 1.400 pessoas em Schwerin.
No estado da Turíngia, também no leste do país, cerca de 6 mil pessoas participaram de 26 diferentes manifestações, a maioria delas ilegais, segundo a polícia.
Algumas centenas se reuniram na capital da Turíngia, Erfurt. De acordo com a secretaria do Interior, forças-tarefa impediram que vários grupos se manifestassem no centro da cidade, e diversas pessoas foram detidas.
Na Saxônia, a polícia se concentrou em Chemnitz e Freiberg, onde foram registradas mais de dez aglomerações. Em Chemnitz, as forças de segurança interromperam uma marcha de cerca de 100 pessoas.
Em Bautzen, também na Saxônia, mais de 500 pessoas participaram de protestos autorizados e não autorizados. Em Dresden, reuniram-se cerca de 150 pessoas para protestar contra as restrições de contenção do novo coronavírus. Mais de uma dezena de pessoas foram indiciadas.
Em alguns casos, os protestos são autorizados e cumprem os requisitos exigidos, mas nem sempre. Políticos, polícia e defensores da Constituição expressaram preocupação com uma radicalização, especialmente entre manifestantes extremistas, e discutem providências.
De acordo com especialistas, as manifestações são usadas por grupos extremistas de direita que se mobilizam há anos contra a migração e contra as estruturas estatais. Também jornalistas vêm sendo insultados ou atacados nos protestos.
Cerca de um terço dos alemães se recusa, por diferentes motivos, a se vacinar contra a covid-19. A resistência é apontada pelas autoridades como o principal motivo para a atual nova onda de infecções no país, a mais grave desde o início da pandemia.