Internacional
Relatório sobre contraterrorismo cita piora em países africanos e inclui Moçambique
Documento ao Conselho de Segurança da ONU aponta possível reagrupamento de combatentes em células menores e mais autônomas; nações oeste africanas sofrem maior ação de afiliados ao grupo terrorista; Síria e Iraque têm milhares de crianças detidas em risco crescente de radicalização e recrutamento
O Conselho de Segurança debateu a ameaça à paz e segurança internacionais representada pelo Daesh, grupo terrorista conhecido como Isil.
O 14º relatório do secretário-geral, apresentado nesta quarta-feira, destaca que o perigo colocado pelo grupo e seus afiliados continua significativo.
Cabo Delgado
O documento apresentado pelo subsecretário-geral Vladimir Voronkov, menciona a situação criada por elementos afiliados ao Daesh na província moçambicana de Cabo Delgado e na fronteira com a Tanzânia.
O documento indica que houve um aumento de ataques violentos esporádicos contra civis em áreas mais remotas, apesar de reveses na sequência da presença de tropas estrangeiras.Vladimir Voronkov fala ao Conselho de Segurança.
No entanto, o grupo “parece deslocado em vez de derrotado, e seus combatentes continuaram a se reagrupar em células menores e mais autônomas”.
África
As Nações Unidas revelaram grande preocupação com a piora da situação e a intensificação da atividade do Daesh em nações africanas como Burquina Fasso, Camarões, República Democrática do Congo, Mali, Níger, Nigéria e Uganda.
O documento alerta que os “ganhos táticos” alcançados nessas regiões “também podem aumentar as receitas do grupo.”
Os atos terroristas do grupo no norte da África baixaram em países como Egito, Líbia e Marrocos com deserções e investimentos públicos das autoridades em iniciativas de desenvolvimento.
O relatório destaca ainda que a Al-Qaeda, o Daesh e vários afiliados continuam sendo sérias ameaças, enquanto ataques terroristas baseados na xenofobia, racismo e intolerância estão aumentando.
Síria e Iraque
O relatório detalha o cenário do terrorismo no nordeste da Síria. O ataque do Daesh à prisão de al-Sina’a, na cidade de al-Hasakeh, é considerado uma das operações mais significativas do grupo desde que foi derrotado há quase três anos.Crianças familiares de membros do Daesh continuam presas sob um risco crescente de radicalização e recrutamento
Para a ONU, o ato é uma memória perturbadora e sóbria da extrema violência brutal do grupo que usa crianças “como escudos humanos durante os intensos combates que ocorrem dentro e ao redor da prisão”.
Para a ONU, a recente morte do líder Abu Ibrahim Al-Quraishi “embora seja talvez o mais significativo de uma série de golpes contra a liderança do Daesh” este é conhecido pela capacidade de se reagrupar após perdas.
A organização destaca a caraterística de se manter e intensificar suas atividades em regiões afetadas por conflitos.
Fronteira
De acordo com o relatório é no Iraque e na Síria onde se concentra a liderança operacional do Daesh e continua a operar como uma insurgência baseada em meio rural.
Em suas ações o grupo explora a fronteira porosa entre os dois países, onde mantém entre 6 mil e 10 mil combatentes.Documento recomenda que sejam abordadas as queixas populares que servem de pretexto para que o Daesh e outros grupos terroristas possam atrair novos seguidores
As ações incluem atos constantes, incluindo operações de atropelo, emboscadas e bombas colocadas à beira da estrada. Forças do governo e civis são atacados, além de ações para criar pânico e aumentar a pressão sobre as autoridades.
Após a morte de Al-Quraishi, o documento recomenda que sejam abordadas as queixas populares que servem de pretexto para que o Daesh e outros grupos terroristas possam atrair novos seguidores.
Aliviar o sofrimento
Para isso as sugestões incluem restaurar a dignidade humana, a confiança e a coesão social melhorando a situação de campos de deslocados e instalações de detenção.
Tanto na Síria como no Iraque, milhares de pessoas, especialmente crianças familiares de membros do Daesh, continuam presas sob um risco crescente de radicalização e recrutamento.
Voronkov destacou ainda que o acesso humanitário nesses lugares deve ajudar a aliviar o sofrimento e reduzir as preocupações de segurança.