Internacional
Militar alemão é condenado a prisão por extremismo
Ex-tenente da Bundeswehr é considerado culpado por planejar atentados contra políticos, tentando se passar por refugiado sírio. Caso foi estopim de escândalo sobre presença de neonazistas nas Forças Armadas da Alemanha
Um tribunal alemão condenou nesta sexta-feira (15/07) um ex-oficial do Exército da Alemanha a cinco anos e meio de prisão por planejar ataques terroristas de extrema direita contra políticos e figuras públicas que acreditava serem “favoráveis a refugiados”, enquanto se tentava se passar por um refugiado sírio.
“O acusado é culpado de planejar um grave ato de violência colocando em risco o Estado”, disse o juiz Christoph Koller.
O ex-militar de 33 anos, identificado como Franco A., foi preso em fevereiro de 2017 no aeroporto de Viena, quando se preparava para retirar uma pistola carregada que havia escondido em um banheiro do aeroporto.
Até agora, não foi possível esclarecer a origem da arma ou o que ele planejava fazer com ela.
O caso de Franco A. foi o estopim de um escândalo que atingiu as Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) que levou a uma série de investigações sobre a presença de extremismistas de direita nas fileiras alemãs e o afastamento de vários militares. O caso provocou ainda mais repulsa depois de surgirem informações de que Franco A. armazenava memorabilia nazista em seu quartel, incluindo uma caixa de fuzil com suástica gravada.
Após sua prisão, descobriu-se também que ele havia assumido a identidade de um refugiado sírio, apesar de não falar árabe.
De acordo com suas declarações, ele procurava denunciar irregularidades no procedimento de asilo na Alemanha.
A Procuradoria, por sua vez, argumentou que o acusado tentava fazer com que as suspeitas sobre os ataques que planejava cometer recaíssem sobre os refugiados sírios.
“Atitude de extrema direita”
Como Franco A. havia recebido apoio financeiro como suposto refugiado, ele também foi condenado por fraude. “O réu tem uma atitude de extrema direita, étnico-nacionalista e racista que se consolida há anos”, disse Koller ao justificar a sentença.
O promotor do caso havia pedido uma sentença de seis anos e meio, chamando o ex-oficial de “terrorista de extrema direita” que planejava ataques contra políticos e outras figuras públicas de alto escalão.
Segundo o procurador, entre as possíveis vítimas dos ataques planejados estavam o então ministro da Justiça Heiko Maas, membro do Partido Social Democrata (SPD) e a então vice-presidente do Parlamento (Bundestag), Claudia Roth, do Partido do Verde, assim como Anetta Kahane, então presidente da Fundação Amadeu Antonio, dedicada ao combate do racismo.
A defesa, por sua vez, havia pedido a absolvição da acusação principal – a preparação de um crime contra a segurança do Estado – e multas ou liberdade condicional para as demais acusações.
A defesa anunciou que vai recorrer da sentença.
Franco A. negou as acusações, mas admitiu ter guardado várias armas e munições para o caso de a ordem pública entrar em colapso na Alemanha.