Segurança Pública
Eleições: Moraes cobra dados de segurança de chefes das PMs
Presidente do TSE reuniu 23 comandantes-gerais da Polícia Militar nesta quarta-feira
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, reuniu 23 comandantes-gerais da Polícia Militar (PM) nos estados, nesta quarta-feira (24), para cobrar informações sobre planos especiais de segurança para a eleição. No encontro, Moraes chegou a perguntar aos chefes das policiais se há estratégias de ação para eventual reação de grupos de eleitores em relação ao resultado da apuração.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem levantado suspeitas sobre o voto eletrônico. Sabatinado esta semana no Jornal Nacional, ele condicionou reconhecer o resultado da votação se houver garantia de que houve “transparência” na apuração.
Como mostrou o Estadão, 23 dos 27 comandantes no país confirmaram a participação no encontro, convocado de última hora na véspera. Os convites começaram a chegar aos comandantes às 12h desta terça (23).
Autoridades no Judiciário mantêm preocupações em relação ao contato direto do presidente Jair Bolsonaro (PL) com policiais militares, que integram a base de apoio do governo. Durante as manifestações no feriado de Sete de Setembro do ano passado, ministros das cortes superiores temiam que policiais pudessem se amotinar, ou liderar movimentos armados de apoio ao presidente, o que não ocorreu.
Segundo auxiliares, Moraes perguntou aos oficiais se já haviam mapeadas situações que exijam algum protocolo especial de ação das PMs, como eventuais reações da população ao andamento das eleições. Comandantes admitiram no encontro que há preocupação com “os ânimos acirrados” nesta eleição. Os oficiais informaram manter monitoramento constante de riscos e programas de orientação das tropas.
Segundo o comandante-geral de Rondônia, James Padilha, o presidente do TSE não fez questionamentos sobre a preparação das PMs para o Sete de Setembro. Ele preferiu obter informações sobre o nível de preocupação dos agentes com o desenrolar da corrida eleitoral, além de sondar o planejamento esboçado por cada Estado.
Não tivemos na pauta qualquer preocupação sobre o 7 de setembro, ainda que possa haver preocupação de alguém, não foi levantada essa hipótese, mas em cada estado a gente tem avaliado o cenário, o contexto – disse Padilha.
E completou.
Os mecanismos de segurança pública devem se comportar com isenção, tranquilidade e parcialidade para que possam atuar como instituições de Estado que são, e não instituições de governo – afirmou em outro momento.
Além de Moraes e dos 23 comandantes, participaram da reunião o vice-presidente do TSE, Ricardo Lewandowski, os ministros Mauro Campbell e Benedito Gonçalves, e o diretor-geral da Corte, Rui Moreira. O encontrou durou mais de 2h30 e ainda contou com a presença do presidente em exercício do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, que tinha agenda com Moraes às 13h30, mas acabou participando do encontro.
Outro ponto tratado pelos PMs foi a ‘polarização’ que tem marcado a disputa eleitoral deste ano.
Para Padilha, embora haja um aumento de agentes de segurança pública lançando candidaturas, as polícias permanecem em condições de “proporcionar toda a segurança e tranquilidade que a população precisa para que possa exercer livremente o direito ao voto”.
O papel da Polícia Militar durante as eleições é, justamente, dar essa tranquilidade que a população precisa. Não somente à população, mas às próprias instituições. Elas precisam ter a crença de que nós estamos ali para dar a tranquilidade de que todos nós precisamos para que a democracia seja exercida com total liberdade, sem riscos – disse o comandante-geral de Rondônia.