Internacional
“Atentado terrorista” mata e fere em campo militar russo
Segundo Ministério da Defesa de Moscou, dois homens de ex-repúblicas soviéticas causaram um total de quase 30 mortos e feridos. Local foi campo treinamento de guerra para mobilização a regiões ocupadas da Ucrânia
Durante o treinamento de “voluntários” para a guerra na Ucrânia, um tiroteio resultou neste sábado (15/10) em pelo menos 11 mortos e 15 feridos num campo de tiro militar russo, na região fronteiriça sudoeste de Belgorod. Segundo o Ministério da Defesa de Moscou, “dois cidadãos de um Estado da CEI” teriam perpetrado um “atentado terrorista”.
A Comunidade dos Estados Independentes (CEI) é uma organização intergovernamental informal que integra 11 repúblicas antes pertencentes à União Soviética. Os perpetradores abriram fogo com rifles automáticos durante exercícios de treino e prática de tiro. Após o ato, “ambos os terroristas foram mortos a tiros”, arrematou o ministério.
Em 21 de setembro, após reveses militares na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, decretou uma “mobilização parcial”, visando reunir 300 mil reservistas para garantir as regiões ocupadas no leste e sul ucranianos. A medida desencadeou protestos e a fuga de dezenas de milhares de russos. Apesar disso, na sexta-feira Putin anunciou que mais de 220 mil reservistas já tinham sido convocados.
Embora a promessa fosse que apenas quem servira recentemente nas Forças Armadas seria mobilizado, ativistas e grupos de direitos humanos relatam que escritórios de recrutamento estão assediando e coagindo homens sem qualquer experiência militar e até mesmo inaptos a servir o Exército por razões médicas.
Alguns dos reservistas recém-convocados publicaram vídeos em que são forçados a dormir no chão, até mesmo na rua, e recebem armas enferrujadas antes de ser enviados para o front de batalha. As autoridades russas reconheceram que a mobilização muitas vezes foi mal organizada e prometeram melhorar a situação.
França oferece treinamento militar para ucranianos
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, desencadeando uma guerra que mergulhou a Europa numa crise de segurança considerada a mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A situação foi agravada pela anexação de quatro regiões ucranianas por Moscou, justificada em pseudorreferendos – uma tática repudiada pela ONU em 12 de outubro como “tentativa ilegal”.
Até hoje descrita oficialmente como uma “operação militar especial” visando “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, a invasão russa é condenada pela comunidade internacional em peso e rebatida com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções políticas e econômicas.
Neste domingo, o Ministério francês da Defesa anunciou a intenção de treinar até 2 mil soldados ucranianos. Já houve cursos para a operação de peças de artilharia específicas, como o obus Caesar, mas agora se pretende ir um pouco mais longe, disse o ministro Sébastien Lecornu ao jornal Le Parisien. A França já forneceu 18 Caesars ao país sob invasão russa e pretende enviar outros, assim como sistemas de defesa aérea do tipo Crotale.