Internacional
Empresa de energia alemã exigirá compensação de ativistas
RWE vai cobrar ressarcimento de ativistas ambientais que protestaram na vila de Lützerath contra a expansão de uma mina de carvão a céu aberto. Greta Thunberg chegou a participar dos protestos
A empresa de energia alemã RWE planeja buscar um ressarcimento de manifestantes que protestaram na vila de Lützerath, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, contra a expansão de uma mina de carvão.
“Claro, todos os disruptores devem esperar uma reclamação por danos”, alertou o porta-voz da RWE, Guido Steffen, na edição deste sábado (21/01) do jornal Neue Osnabrücker Zeitung.
Steffen, porém, disse que não poderia citar valores, pois a extensão dos danos ainda não está clara. Segundo a RWE, os protestos causaram prejuízos consideráveis, incluindo em veículos e equipamentos da empresa. Além disso, de acordo com a RWE, poços e subestações também foram danificados.
A mídia local informou que cerca de 500 queixas criminais foram registradas em conexão com os despejos de Lützerath.
Segundo informações do jornal, a RWE anunciou recentemente que vai processar, por outro caso, uma pessoa em 1,4 milhão de euros, por ter se acorrentado a trilhos em 2021, obrigando o desligamento temporário da usina de carvão de Neurath.
Motivo dos protestos
Centenas de habitantes de Lützerath foram reassentados para que a vila fosse demolida, a fim de abrir caminho para a expansão, por parte da RWE, da mina de linhito a céu aberto Garzweiler.
Há meses, ativistas climáticos que se opõe à medida e ao uso de carvão protestam no local. No dia 14 de janeiro, 15 mil pessoas, segundo a polícia, protestaram no local, com alguns ativistas impedindo a demolição. Houve confronto com os agentes de segurança e dezenas de pessoas ficaram feridas – entre manifestantes e policiais.
Em resposta, a polícia montou uma operação de desocupação completa do local. Na segunda-feira, os dois últimos ativistas deixaram a vila.
A ativista climática sueca Greta Thunberg juntou-se aos protestos no sábado passado e chegou a ser detida pela polícia na terça-feira, perto de Lützerath.
Ao discursar no local, ela declarou que “é uma vergonha que o governo alemão firme acordos e compromissos com empresas como a RWE”, se referindo à empresa alemã de energia que tem os direitos de exploração do solo em Lützerath.
Demolição da vila
A gigante de energia RWE tem a intenção de destruir Lützerath para extrair linhito localizado embaixo da área. As atividades de mineração deverão ser retomadas nos próximos meses.
Ativistas climáticos argumentam que a vila e outras próximas não devem ser demolidas e o carvão sob elas deve ser deixado no solo e que a queima do linhito prejudica os esforços da Alemanha para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
O governo alemão, por sua vez, alega que o país precisaria aumentar o uso de carvão para lidar com qualquer potencial escassez de suprimentos de energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia. A RWE argumenta que o carvão na área é necessário para abastecer centrais durante os meses de inverno.
A empresa recebeu permissão para expandir a mina de linhito, após firmar um acordo com o governo alemão que garantiu a preservação de cinco vilarejos vizinhos a Lützerath. Além disso, a RWE se comprometeu a encerrar a produção de energia a partir do carvão no leste da Alemanha até 2030, oito anos antes do prazo previsto.
O ministro alemão da Economia, Robert Habeck, do Partido Verde, disse em junho do ano passado que o aumento da queima de carvão era “amargo”, mas “simplesmente necessário” para reduzir o uso de gás. Antes da guerra na Ucrânia, a Alemanha obtinha grande parte de seu gás da Rússia.