Internacional
Alemanha e UE pedem plano Marshall para a Ucrânia
Chanceler federal alemão e presidente da Comissão Europeia afirmam que reconstrução do país é um trabalho para gerações e defendem programa similar ao que colocou Europa de pé após a Segunda Guerra
O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defenderam nesta segunda-feira (24/10) a criação de um plano Marshall para a reconstrução da Ucrânia após o fim da guerra.
“Embora se deva sempre ter cuidado com comparações históricas, a questão aqui é, nada mais nada menos, do que criar um novo plano Marshall para o século 21”, afirmaram Scholz e von der Leyen num texto publicado jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung. Os dois descreveram ainda a reconstrução da Ucrânia como uma tarefa de gerações, que precisa começar agora.
Com o plano Marshall, os Estados Unidos financiaram a reconstrução da Alemanha e de outros países europeus entre 1948 e 1952, investindo bilhões de dólares após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Scholz e von der Leyen ressaltam a importância da reconstrução de moradias, escolas, ruas, pontes e infraestrutura, para que o país possa se recuperar rapidamente e retomar sua economia após o fim do conflito. Os líderes afirmaram ser importante, no longo prazo, doadores e empresas também investirem nesse objetivo.
O texto destaca ainda que a União Europeia tem um papel especial a desempenhar, pois a Ucrânia é um país candidato a se tornar membro do bloco, e “o caminho para a reconstrução é, portanto, o trajeto da Ucrânia para a UE”.
Os dois frisaram que apoiar a Ucrânia não é apenas a coisa certa a se fazer, mas também é de interesse da Alemanha e da Europa, já que “a Ucrânia está defendendo também a ordem internacional baseada em regras, as bases da nossa coexistência pacífica e do bem-estar mundial”.
Encontro sobre perspectivas para a Ucrânia
O texto foi publicado no dia da abertura de um fórum teuto-ucraniano de negócios em Berlim. O evento deve se concentrar nos esforços para a reconstrução do país no fim da guerra e o apoio da comunidade internacional. A pauta do encontro, que reúne especialistas dos dois países, prevê debates sobre indústria, agricultura e energia.
Segundo Hans-Ulrich Engel, vice-presidente do Comitê de Relações Econômicas do Leste Europeu e um dos organizadores do evento, o foco inicial deveria ser uma organização eficiente da ajuda de emergência para a reconstrução da infraestrutura destruída. Posteriormente, as medidas devem ser direcionadas para a reconstituição da economia do país.
O diretor-gerente do comitê, Michael Harms, lembrou que o plano Marshall encorajou investimentos na Alemanha Ocidental, e agora empresas alemãs deveriam investir na Ucrânia.
A guerra devastou a infraestrutura crítica da Ucrânia. Autoridades ucranianas afirmam que o país perdeu 90% de sua capacidade de energia eólica e entre 40% e 50% da capacidade de energia solar.
Um relatório do Banco Mundial estimou, em setembro, que 350 bilhões de dólares seriam necessários para reconstruir o país. Esse valor é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) da Ucrânia, que ficou em 200 bilhões de dólares em 2021.