Internacional
Regime da Venezuela ataca bispo católico por criticar o governo
Padres reagem e defendem seu direito de manifestar opiniões sobre “a realidade do país, cuja situação é inegável”
O regime socialista bolivariano da Venezuela atacou o bispo católico dom Víctor Hugo Basabe porque ele criticou as fracassadas políticas sociais e econômicas do governo comandado pelo ditador Nicolás Maduro.
Segundo a agência católica de notícias CNA, quem proferiu violentos insultos ao bispo foi o “homem forte” do regime de Maduro, Diosdado Cabello, que já foi vice-presidente e presidente interino do país, além de presidir a Assembleia Nacional Constituinte e a Assembleia Nacional da Venezuela, órgão que exerce o poder legislativo de jure no país.
Dom Víctor Hugo Basabe, que é bispo de San Felipe e administrador apostólico da arquidiocese de Barquisimeto, havia denunciado mais uma vez, durante uma homilia, o gravíssimo estado econômico da Venezuela.
Em resposta destemperada, Cabello proferiu uma série de insultos contra dom Víctor Hugo e afirmou que a homilia do bispo foi um “discurso político baixo e mal-intencionado”. O político estendeu o ataque à Conferência Episcopal Venezuelana, afirmando que “não se salva nenhum membro do episcopado” e que “todos são exatamente iguais”, porque, segundo ele, mantêm “intenções mesquinhas” e usam a sua posição como bispos para atacar o governo.
O clero de Barquisimeto não baixou a cabeça diante dos ataques de Cabello. Mais de 90 sacerdotes da diocese defenderam o seu bispo mediante comunicado em que reforçam:
“A nossa condição de pastores não nos separa nem nos isenta da nossa realidade de cidadãos, conscientes da situação que o nosso povo está vivendo”.
Destacando que os funcionários públicos devem “deixar a arrogância de lado” e “ter a humildade de ouvir, refletir e participar na busca de melhores condições para todos os cidadãos”, os padres acrescentaram:
“Reconhecemos o direito livre, democrático e constitucional do nosso bispo, como cidadão livre, de manifestar as suas opiniões sobre a realidade do país, cuja situação é inegável”.