Internacional
Scholz diz que tanques alemães não serão usados para ataques
Chanceler federal da Alemanha disse que “há consenso” sobre a Ucrânia não usar armamentos enviados pelo Ocidente para atacar o território russo
O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, disse em entrevista publicada neste domingo (05/02) que os tanques alemães e quaisquer outras armas fornecidas pelo Ocidente à Ucrânia não serão usados para atacar o território russo. Segundo ele, há um acordo com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, sobre essa questão.
“Há um consenso sobre este ponto”, disse Scholz ao jornal alemão Bild am Sonntag.
Isso significa que os tanques alemães bem como todo armamento fornecido pelo Ocidente são utilizados para defesa dentro do território ucraniano invadido pelos russos.
“Nós pesamos cuidadosamente cada entrega de armas, em estreita coordenação com nossos aliados, começando pelos EUA”, disse Scholz. “Essa abordagem conjunta evita uma escalada da guerra”, reforçou o chefe de governo alemão.
Após semanas de hesitação, há 10 dias a Alemanha concordou em enviar 14 tanques Leopard 2 para a Ucrânia, juntamente com entregas semelhantes dos Estados Unidos e do Reino Unido.
“Comparações absurdas”
Em 2 de fevereiro, no 80º aniversário da vitória soviética na Batalha de Stalingrado durante a Segunda Guerra Mundial, o presidente russo, Vladimir Putin, comparou o fato histórico com a atual situação na Ucrânia e disse que a Rússia estava novamente “ameaçada por tanques alemães”.
Questionado sobre a declaração, Scholz acusou o presidente russo de fazer “comparações históricas absurdas” que ele usa para “justificar seu ataque à Ucrânia”. O chanceler federal disse que sempre deixou claro em seus telefonemas a Putin que “a Rússia tem a responsabilidade exclusiva pela guerra [na Ucrânia]”.
Segundo Scholz, “sem motivo, a Rússia invadiu seu vizinho para tomar partes da Ucrânia ou todo o país” e que isso não pode ser simplesmente aceito “porque viola fundamentalmente a ordem de paz europeia”.
“É por isso que apoiamos a Ucrânia financeiramente, humanitariamente e também com armas”, reforçou.
Scholz também afirmou que Putin, até o momento, não fez “nenhuma ameaça” contra ele ou a Alemanha. Esta semana, o ex-primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que Putin ameaçou atacar o Reino Unido com mísseis.
Brasil nega pedido de armas
Recentemente, o Brasil negou um pedido feito pela Alemanha para enviar armamentos para ajudar as tropas ucranianas a combaterem os invasores russos.
“O Brasil não tem interesse em passar as munições para que elas sejam utilizadas na guerra entre Ucrânia e Rússia. O Brasil é um país de paz, o último contencioso nosso foi a guerra do Paraguai. E, portanto, o Brasil não quer ter qualquer participação, mesmo que indireta”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita de Scholz ao Brasil na semana passada.
Lula disse que Kiev e Moscou deveriam voltar à mesa de negociações, criticando o fato de que se ouve muito pouco falar sobre as discussões em torno de um acordo de paz.
Scholz, por sua vez, afirmou que a Rússia deve primeiro tirar suas tropas do território ucraniano para que essas negociações possam ocorrer.