Internacional
O país onde 100% dos padres foram presos pela ditadura comunista
O regime comunista durou 44 anos e perpetrou severa perseguição; mesmo hoje, existem só 60 padres no país
Em 18 outubro de 2022, foi lançada na Bulgária a Rádio Ave-Maria, primeira emissora católica do país.
A data da inauguração foi especialmente emblemática porque é a festa litúrgica de São João Paulo II, um Papa decisivo para a derrocada do comunismo no Leste Europeu.
De fato, a Bulgária sofreu com tamanha intensidade a perseguição anticristã da ditadura comunista que, segundo informações da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, 100% dos sacerdotes católicos do país chegaram a ser presos pelo menos uma vez.
Até hoje, apenas uma minoria da população búlgara se declara católica.
O país foi submetido à ditadura comunista de 1946 até 1990. Nesse longo período de 44 anos de muitas restrições às liberdades civis, a Igreja Católica foi um dos alvos preferenciais. Além de perseguir os fiéis, o regime confiscou propriedades da Igreja, fechou seminários e expulsou padres estrangeiros. Em resumo, seguiu o mesmo roteiro de repressão que regimes de ideologia semelhante continuam executando até hoje, como se constata no caso da Nicarágua sob o ditador Daniel Ortega.
Após a queda do comunismo no Leste Europeu, o restabelecimento da vida católica na Bulgária foi bastante lento. Mesmo hoje, existem apenas 60 sacerdotes em todo o país, além de aproximadamente 100 religiosos de rito latino e bizantino. A população católica é estimada em 70.000 pessoas, ou 1% do total. A vasta maioria, de mais de 80% da população, é cristã ortodoxa. Os muçulmanos são pouco menos de 14% dos búlgaros.
A inauguração da Rádio Ave-Maria na Bulgária foi definida pelo cardeal Leonardo Sandri, prefeito do dicastério para as Igrejas Orientais, como “um sonho” que levou muito tempo, mas finalmente se tornou realidade.
Além da data emblemática de 18 de outubro, há outros elementos simbólicos na inauguração da emissora: o estúdio, situado na capital, Sófia, foi montado na antiga residência do emissário vaticano dom Angelo Roncalli, que trabalhou na Bulgária entre 1925 e 1934 – mais tarde, ele seria eleito Papa e adotaria o nome de João XXIII.
Para o bispo católico de Sófia, dom Hristo Projkov, que também preside a Conferência Episcopal Búlgara, a nova estação é uma iniciativa dos jovens, que “nos pedem isso há anos e já começaram a produzir material de transmissão em casa”. O bispo acrescenta que, “graças às paróquias e aos catequistas, há jovens bem educados na fé, mas a maioria deles não teve essa mesma educação: durante a era comunista, os pais deles não receberam nada que pudessem transmitir”.
Por isso mesmo, a rádio procura suprir uma necessidade formativa crucial para uma população que passou tantas décadas submetida à lavagem cerebral imposta pelo comunismo:
“Existe aqui uma fome de educação religiosa, mas também de educação cultural, com programas de música e de história. A rádio é um projeto de todos e para todos”.
Fonte: Aleteia