AGRICULTURA & PECUÁRIA
Bactérias podem ajudar a substituir insumos químicos no setor florestal
Coleção da Embrapa Florestas já conta com 1.023 bactérias multifuncionais. Esse acervo possui exemplares provenientes de diferentes solos e espécies florestais Um dos objetivos é selecionar estirpes com aptidão para o desenvolvimento de bioinsumos inovadores, na forma de inoculantes. O estudo e a utilização dessas bactérias visam reduzir custos de produção, melhorar a produção de mudas e proporcionar maior eficiência e sustentabilidade. A coleção está em constante evolução e é um manancial genético à disposição da ciência para impulsionar o desenvolvimento sustentável do setor florestal. |
Chega a 1.023 a quantidade de bactérias com potencial para gerbio insumosoinsumos apropriados ao setor florestal. Esse resultado é fruto do trabalho da Embrapa Florestas (PR) que, desde 2018, atua na construção da Coleção de Bactérias Multifuncionais de Áreas Florestais. O acervo conta com exemplares provenientes de diferentes solos e espécies florestais e tem sido determinante para seleção de estirpes com aptidão para o desenvolvimento de bioinsumos inovadores, na forma de inoculantes. Tais produtos podem reduzir, ou até substituir, insumos químicos em plantios florestais, desde a produção de mudas até o plantio no campo. Além de garantir mais sustentabilidade ao setor, aumenta a eficiência e reduz custos de produção.
Após a fase de isolamento e caracterização das bactérias no laboratório, são realizados ensaios em viveiros, com aplicação em mudas. Segundo Krisle da Silva (foto abaixo), pesquisadora da Embrapa, responsável pela formação da coleção, vários ensaios vêm sendo realizados em viveiro com essas bactérias, envolvendo parcerias com empresas florestais, para seleção das estirpes com mais potencial para aumentar as taxas de enraizamento e a capacidade de absorção de fósforo.
“A produção de mudas florestais inoculadas com as bactérias promotoras de crescimento tem se mostrado algo promissor, diante do efeito positivo no enraizamento, solubilização de fosfatos, estímulo ao crescimento vegetal das mudas e no controle biológico de pragas que temos encontrado ao longo dos estudos, principalmente para pínus e eucalipto”, aponta a pesquisadora. Ela espera que, dentro de dois anos, os estudos resultem na geração de um bioinsumo em forma de inoculante advindo dessas bactérias.
De acordo com a pesquisadora, todos os microrganismos da coleção estão caracterizados morfologicamente em meio de cultura e 229 já foram caracterizados geneticamente. O DNA desses isolados também é armazenado na coleção.
A coleção foi iniciada com 42 bactérias endofíticas (que vivem no interior do tecido vegetal sem causar dano à planta), isoladas de uma espécie de jabuticabeira, por possuírem características promotoras de crescimento. Posteriormente, foram introduzidas na coleção bactérias endofíticas isoladas de folhas, meristemas (tecidos vegetais responsáveis pelo crescimento das plantas) e raízes de pupunheira, que somam, até o momento, 222 bactérias. O trabalho prosseguiu com pínus, do qual foram isoladas 200 bactérias, além de 90 de eucalipto, 96 de erva-mate e 145 de araucária. Na busca de um possível controle biológico, também foram isoladas 220 bactérias e actinobactérias (bactérias importantes para a agricultura) de formigas cortadeiras (Atta sexdens).
Além dos bioinsumos, a coleção é a base para programas de melhoramento genético e outras ações de pesquisa voltadas ao desenvolvimento de plantas mais adaptadas ao segmento florestal, tais como pupunha, pínus, eucalipto, erva-mate e araucária, entre outras.
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