Internacional
África longe de erradicar a fome até 2030, alertam ONU e União Africana
Pandemia agravou situação já afetada por conflitos e alterações do clima; nova publicação recomenda apoio internacional em favor de ações para a transformação dos sistemas agroalimentares
Uma nova análise revela que o número de pessoas subnutridas subiu quase pela metade, no ano passado, no continente africano, quando comparado aos níveis de 2014.
Quase 282 milhões de africanos passam fome como indica uma publicação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, em parceria com a União Africana e a Comissão Econômica da ONU para a África.
Aumento
O documento África – Visão Geral Regional de Segurança Alimentar e Nutrição 2021 destaca que cerca de um quinto da população africana está na situação. O aumento foi de 89,1 milhões em seis anos.O leste africano tem mais de 115 milhões de pessoas denutridas
Em países de língua portuguesa, Angola apresenta uma prevalência da desnutrição de 17,3%. Cabo Verde tem 15,4%, Moçambique 31,2% e São Tomé e Príncipe 11,9%. A pesquisa não tem dados disponíveis da Guiné-Bissau.
Foi entre 2019 e 2020 que ocorreu a maior alta de insegurança alimentar no continente. Conflitos e mudanças climáticas são apontados como as principais razões.
Mas a situação piorou com a desaceleração das economias que foi causada pela pandemia agravando ainda mais as principais causas da fome.
O novo relatório sobre segurança alimentar e nutrição destaca que a piora substancial nos níveis de pessoas passando fome acontece depois de um longo período de melhoria entre 2000 e 2013.
Leste
O foco do estudo é nas tendências entre 2014 e 2020, mas o quadro é considerado mais sombrio em 2021 “sem amenizar os principais fatores da fome”.
O leste do continente tem mais de 115 milhões de pessoas denutridas, seguida das regiões oeste com 57,3 e a central 53 milhões. Metas globais definidas até 2030 ressaltam a eliminação da fome e pobreza
Ao todo, o continente concentra 55% do total de afetados pelo aumento global de subnutridos no período analisado.
Com a situação a região corre o risco de não atingir a meta global de erradicação da fome até 2030.
Aa situação da alimentação junta-se a dificuldades de acesso a dietas saudáveis e problemas subjacentes, tais como pobreza e desigualdade que pioraram com as dificuldades econômicas provocadas pela Covid-19.
Os autores do relatório apelam a comunidade internacional a fornecer ajuda em curto prazo aos países necessitados, e a investir na agricultura e em outros setores relacionados para melhorar a resiliência contra eventos climáticos extremos no futuro.