Internacional
EUA ordenam retirada de familiares de diplomatas da Ucrânia
Afirmando que uma ação militar da Rússia pode ocorrer a qualquer momento, Washington também autoriza partida de funcionários não essenciais de sua embaixada na Ucrânia. Reino Unido segue passo americano
Os Estados Unidos ordenaram que familiares de seus diplomatas na Ucrânia deixem o país e autorizaram a saída voluntária de pessoal não essencial de sua embaixada devido à “ameaça contínua” de uma invasão russa, afirmou o Departamento de Estado americano neste domingo (23/01).
Washington também aconselhou todos os americanos que estão na Ucrânia a deixarem o país no Leste Europeu, em meio a temores por parte dos EUA e da Europa de uma ação militar da Rússia. Moscou tem estimados 100 mil soldados estacionados na fronteira com o país vizinho, além de tanques, veículos de combate e armamentos.
“Há relatos de que a Rússia está planejando uma ação militar significativa contra a Ucrânia. Queremos que cidadãos americanos na Ucrânia saibam que as condições de segurança, particularmente nas fronteiras da Ucrânia, na Crimeia e em áreas do leste da Ucrânia controladas pela Rússia são imprevisíveis e podem deteriorar-se sem aviso prévio”, advertiu o Departamento de Estado. “Uma ação militar da Rússia pode ocorrer a qualquer momento.”
O comunicado afirmou ainda que os cidadãos americanos na Ucrânia devem estar cientes de que uma operação militar russa na Ucrânia afetaria gravemente a capacidade da embaixada americana para fornecer serviços consulares, incluindo assistência a americanos. Estima-se que entre 10 mil e 15 mil cidadãos dos EUA estejam em solo ucraniano. Por ora, a representação diplomática seguirá aberta.
Ucrânia diz que ordem dos EUA é prematura
O Ministério do Exterior da Ucrânia classificou a ordem dos EUA de “prematura e uma manifestação de cautela excessiva”. “Não houve mudanças cardeais na situação de segurança recentemente: a ameaça de novas ondas de agressão russa tem permanecido constante desde 2014 e o acúmulo de tropas russas perto da fronteira começaram em abril do ano passado”, afirmou.
O Kremlin negou repetidas vezes ter a intenção de invadir o país vizinho, mas faz aumentar as preocupações o fato de Moscou ter anexado uma parte do território ucraniano, a Crimeia, em 2014 e vir apoiando separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia desde então.
O Ocidente vê o envio das tropas russas para a fronteira ucraniana como uma preparação para uma guerra com o intuito de evitar que a Ucrânia entre para a Otan. Moscou exige garantias de que a aliança militar se comprometa com a não adesão da Ucrânia e em reduzir sua presença no Leste Europeu.
De acordo com o jornal The New York Times, o presidente Joe Biden cogita reforçar a presença militar americana em países aliados da Otan no Báltico e no Leste Europeu, com o envio de mil a 5 mil soldados para a região, além de navios de guerra e aeronaves. E o número de soldados poderia aumentar caso a situação se deteriorasse.
Após uma série de encontros diplomáticos nos últimos dias na tentativa de reduzir as tensões, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, se reúne virtualmente nesta segunda com membros do Comitê de Assuntos Externos da União Europeia para discutir uma estratégia comum em relação à Rússia.
Blinken rejeitou a imposição imediata de sanções econômicas à Rússia, dizendo neste domingo que isso prejudicaria a capacidade do Ocidente de dissuadir uma possível agressão russa contra a Ucrânia.
Não se deve dramatizar, diz UE
Nesta segunda-feira, o alto representante da União Europeia (UE) para Assuntos Exteriores, Josep Borrell, afirmou que o bloco não retirará os familiares de seus diplomatas na Ucrânia, apontando não haver necessidade de “dramatizar” a situação enquanto conversações com a Rússia prosseguem.
“Não faremos o mesmo [que os EUA] porque não sabemos de nenhuma razão específica”, disse Borrel antes do encontro virtual com Blinken. “Não acho que tenhamos que dramatizar enquanto as negociações estiverem prosseguindo – e elas estão prosseguindo.”
Reino Unido e Austrália seguem os EUA
O Ministério do Exterior britânico, por sua vez, afirmou nesta segunda estar retirando alguns de seus funcionários e seus familiares de sua embaixada na Ucrânia em resposta à “ameaça crescente da Rússia”. A representação diplomática permanecerá aberta para trabalho essencial, disse.
A Austrália também ordenou que os familiares de seus diplomatas deixem Kiev.
A França, por sua vez, pediu que seus cidadãos evitem viagens não essenciais à Ucrânia.