Internacional
Bilionário Elon Musk diz estar pronto para implantar chip em cérebros humanos
O dispositivo intracraniano, segundo ele, ajudaria pessoas paralisadas a controlar computadores com a mente
Implante de chip em cérebros humanos: o bilionário Elon Musk declarou estar pronto para transformar essa hipótese em realidade muito proximamente, por meio da Neuralink, uma das suas empresas de alta tecnologia.
Segundo informações publicadas na semana passada pelo jornal britânico The Times, a companhia criada pelo mesmo fundador da Tesla e da SpaceX está recrutando grandes talentos da medicina e da engenharia para viabilizar o projeto, cujos testes teriam duração aproximada de três anos e consistiriam na implantação de microchips de inteligência artificial no crânio dos participantes.
De acordo com o próprio Elon Musk, a tecnologia permitiria que pessoas vitimadas pela paralisia usassem a sua atividade neural para operar facilmente computadores e smartphones. O bilionário complementa que os microchips também ajudariam a tratar pessoas com autismo e com esquizofrenia.
O dispositivo projetado pela Neuralink tem o tamanho de uma moeda grande e é conectado ao cérebro por fios ultrafinos. Caso o paciente não deseje mais utilizar o equipamento, poderá facilmente removê-lo, segundo afirmações da empresa. A Neuralink informou também que já realizou testes num macaco chamado Pager, que conseguiu mexer um cursor numa tela de computador graças ao uso do chip. A companhia teria ainda “coletado dados” de uma porca chamada Gertrude, em cuja cabeça também havia sido implantado o chip.
Em declarações ao Wall Stree Journal em dezembro passado, Elon Musk informou que a sua empresa está aguardando a aprovação da agência norte-americana de vigilância sanitária, equivalente à Anvisa no Brasil, para que o equipamento possa ser usado em pessoas que sofreram graves lesões na medula espinhal.
O bilionário afirmou na ocasião:
“Temos uma possibilidade de restaurar a funcionalidade do corpo inteiro no caso de quem tenha sofrido lesão na medula espinhal. [O chip da Neuralink] está funcionando bem em macacos. Nossos testes confirmam que é muito seguro e confiável”.
Dentro do que parece ser uma tendência de investidores bilionários a interferir na genética e nas funcionalidades naturais do corpo humano, o homem mais rico do mundo, Jeff Bezos, também anunciou recentemente o investimento de 3 bilhões de dólares na startup Altos Labs, que anunciou o objetivo de desenvolver tecnologias para retardar drasticamente o envelhecimento e até mesmo “derrotar a morte”. Saiba mais:
Altos Labs, empresa que quer “derrotar a morte”, é inaugurada nos EUA
Jeff Bezos, homem mais rico do mundo, investe na startup de reprogramação biológica antienvelhecimento
AAltos Labs, empresa que quer derrotar a morte, foi inaugurada nos EUA nesta última quarta-feira, 19, contando com investidores como Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, fundador da gigante do e-commerce Amazon e da empresa de viagens espaciais Blue Origin.
A nova companhia se dedica a pesquisas de reprogramação biológica visando produzir soluções antienvelhecimento e, mais ousadamente, pretende “derrotar a morte” desenvolvendo uma “tecnologia da imortalidade”.
Além de Bezos, a Altos Labs conta com o investimento de outros bilionários, como o russo-israelense Yuri Milner, da Digital Sky Technologies.
O diretor executivo (CEO) da Altos Labs é Hal Barron, ex-diretor científico da gigante farmacêutica GlaxoSmithKline. Em comunicado à imprensa, Barron se declarou “profundamente honrado” com a “oportunidade única na vida de liderar uma empresa que também é tão única e que tem uma missão transformadora de reverter doenças”.
A companhia está formando uma equipe de cientistas dedicados a “derrotar a morte”, como Shinya Yamanaka, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina de 2012 graças às suas pesquisas com células-tronco, e Jennifer Doudna, co-ganhadora do Prêmio Nobel de Química de 2020 pela sua contribuição ao desenvolvimento da ferramenta CRISPR, de edição de genes.
A Altos Labs informou dispor de 3 bilhões de dólares (quase 17 bilhões de reais) em financiamentos já para o início das suas operações.
Segundo matéria do jornal britânico The Times, a proposta de reprogramação biológica defendida pela Altos Labs visa principalmente rejuvenescer células maduras, que, em decorrência dessa intervenção, passariam a reparar o seu organismo à medida que ele vai envelhecendo, bem como, em teoria, curar doenças ligadas à idade, como a demência senil.
A Altos Labs não é a única empresa que se propõe a encontrar uma espécie de “elixir da infinita saúde física”. Em 2013, com proposta semelhante, foi lançada a Calico, do também bilionário Larry Page, co-fundador do Google. Outras startups à caça da imortalidade do corpo são as norte-americanas Life Biosciences, Turn Biotechnologies e AgeX Therapeutics, além da britânica Shift Bioscience.
Derrotar a morte?
É um fato pacificamente demonstrável que a expectativa de vida do ser humano melhorou de maneira extraordinária com os avanços não apenas da medicina, mas também da higiene básica, da nutrição mais adequada, do acesso à informação e à educação e da disponibilidade de melhor infraestrutura de saneamento, segurança, moradia e conforto térmico, por exemplo.
Mas até que ponto será possível prorrogar a “durabilidade” e o “bom funcionamento” da matéria orgânica de que o nosso corpo é feito?
Cientistas de Singapura ligados à empresa Gero calcularam, em 2021, que uma pessoa em perfeitas condições de saúde poderia chegar a viver até um teto máximo de 150 anos. Eles estimaram esse limite considerando o processo natural do envelhecimento humano, que implica uma gradual e inevitável diminuição das células sanguíneas até um ponto em que a capacidade do corpo de continuar vivo se extingue.
Com base no que se sabe por enquanto sobre o funcionamento do corpo humano, seria praticamente impossível ultrapassar este limite, que, aliás, só seria atingível por indivíduos que não tenham sofrido nenhuma espécie de câncer ou doença cardíaca. Mesmo nesses casos, a natural resiliência do organismo se esgotaria em algum momento, de modo que atingir os 150 anos não seria um cenário amplamente difundido, mas possível apenas a uma minoria.
Até o presente, a pessoa mais idosa de que se tem registro histórico é a francesa Jeanne Calment, que nasceu em 1875 e morreu em 1997, com 122 anos. Entre as pessoas vivas na atualidade, a comprovadamente mais idosa é a japonesa Kane Tanaka: ela nasceu em 1903 e, portanto, em janeiro de 2022 está com 119 anos.
Será mesmo possível, e até que ponto, atuar sobre o processo de esgotamento natural das células humanas e, por conseguinte, evitar que o corpo humano perca a sua capacidade de continuar vivo e saudável?
Imaginando que seja, será que essa prorrogação indefinida da existência corpórea garantirá a plena realização e felicidade do ser humano? As perguntas fundamentais sobre o sentido da existência – quem somos, de onde viemos, para onde vamos – serão respondidas satisfatoriamente por quem prolongar durante décadas, séculos ou até milênios a sua permanência num mundo cuja natureza é notoriamente passageira, finita, incompleta?
A Altos Labs pode vir a constatar que precisou investir todo o dinheiro do mundo para concluir que não – e que a única esperança de “derrotar a morte”, de fato, é que seja verdade a ressurreição.