Educação & Cultura
O debate prioritário de 2022 é a educação, escreve Priscila Cruz
Convite aos presidenciáveis que desejem assumir compromisso pela educação pública de qualidade
Convite aos presidenciáveis que desejem assumir compromisso pela educação pública de qualidade
Depois destes anos de desmonte e retrocessos promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro e de deterioração das condições de vida da maior parte da população brasileira, as eleições de 2022 trazem a esperança de um começo de virada. O motivo são os debates sobre caminhos para a retomada e o desenvolvimento do país, cuja base é a educação.
Compartilho perguntas em forma de convite, para estimular diálogo, reflexões e planejamento:
Organização sem fins lucrativos, independente e suprapartidária, o Todos Pela Educação tem buscado dialogar –e deseja estender e aprofundar esse diálogo– com diversas candidaturas e lideranças políticas, de amplo espectro partidário, exceto a do presidente Jair Bolsonaro. E está à disposição para compartilhar o que defendemos com aqueles que podem e desejam assumir o compromisso com a melhoria da educação básica pública.
Não apoiamos nem trabalhamos para candidaturas específicas, e por isso mesmo temos plena condição de compartilhar nossa produção técnica, de maneira republicana. Apresentamos diagnósticos e propostas a fim de enfrentarmos os desafios da educação básica. Em setembro de 2021 colocamos em circulação uma “versão para debate” de um documento com uma agenda estratégica e para a Educação Básica, em que se incluem 10 medidas em áreas essenciais, como Gestão da Educação, Fortalecimento da profissão docente, Primeira Infância e Ensino Médio. O documento está disponível no site do Todos Pela Educação.
Não dialogamos com a candidatura do atual presidente, pois sabemos o que a sua reeleição pode representar para a educação, para a democracia e para tantas outras áreas. Até aqui foram 3 anos que deixaram evidente que sua prioridade não é a melhoria da educação, mas o autoritarismo, o dirigismo e as guerras ideológicas. O resultado está entre nós: vulnerabilidades sobrepostas e acumuladas, ausências e omissões com repercussões concretas, enfraquecimento institucional do MEC, conversão de críticos em inimigos a serem abatidos. Uma educação de qualidade é incompatível com tais valores e consequências.
Mas não nos falta otimismo diante da convicção de que é possível mudarmos a educação para melhor. A escola pública brasileira já mostrou que responde aos investimentos bem planejados e executados. Há um conjunto de experiências bem-sucedidas espalhadas pelo país e que podem ser incorporadas nacionalmente. É hora de retomarmos o debate sério, informado pelo vasto conhecimento acumulado e embalado pelo entendimento de que é possível, sim, mudarmos o quadro para melhor. Porque é!.
Cabe a nós, cidadãs e cidadãos, cobrar com muito mais força e intensidade a prioridade a ser dada à educação. Não é tarefa para o futuro, nem para daqui a pouco. É para agora.
Porque a melhor forma de enxergarmos como será o Brasil daqui a alguns anos é observar o que está acontecendo nas escolas brasileiras neste momento. E sem um patamar mais alto de qualidade educacional para todas as crianças e todos os jovens do país, conviveremos com teto mais baixo de crescimento econômico, mais informalidade e piores empregos, indicadores mais graves de violência, menor prevenção a doenças, baixo compromisso com o meio ambiente, menor qualidade da cidadania e, muito fundamental nos dias de hoje, a democracia sob maior risco. O Brasil tem jeito, sim. E o jeito é a educação.