Educação & Cultura
Alfabetização: 3 práticas permanentes
A professora Mara Mansani compartilha, com base em sua experiência, tipos de atividade que entraram em sua rotina
A professora Mara Mansani compartilha, com base em sua experiência, tipos de atividade que entraram em sua rotina
A nossa visão a respeito do fazer pedagógico impacta diretamente a aprendizagem de nossos alunos. Isso está intrinsecamente ligado à nossa intencionalidade e aos objetivos que desejamos alcançar na alfabetização.
As práticas pedagógicas são todas ações com intenção de promover e proporcionar a aprendizagem para todos os alunos. Elas se traduzem em metodologias, atividades e técnicas para conduzir e orientar a rotina em sala de aula de forma a proporcionar situações de interação, trocas de hipóteses e saberes, de reflexão e garantir o protagonismo do aluno.
Portanto, devemos alinhar a forma que ensinamos com aquilo que é fundamental do aluno aprender. Pensando nessa relação, há duas ações que avalio como essenciais para pensar o exercício de nossa profissão:
– Autoavaliação da prática pedagógica para aprimoramento, ajuste, ampliação ou até mesmo deixar de fazer algo que não contribui com a aprendizagem dos estudantes. Muitas vezes continuamos fazendo uso de estratégias por acomodação, por fazer há anos, por repetição. Por isso a importância de refletir e rever constantemente nossas ações em sala de aula.
– Formação continuada. As novas necessidades dos alunos e as mudanças do contexto educacional exigem buscar novas práticas pedagógicas que possibilitem a aprendizagem de todos. Prova disso é que durante a pandemia da Covid-19, a qual ainda estamos vivendo, todos fomos obrigados a encontrar novas formas de ensinar em diferentes formatos não presenciais.
Aprendizados durante a trajetória profissional
Em mais de trinta anos de experiência, muita coisa mudou e se transformou no meu fazer pedagógico na alfabetização. Por outro lado, também tive estratégias que se tornaram permanentes pelos bons resultados. Compartilho abaixo três delas:
São inegáveis os benefícios da literatura na alfabetização e, principalmente, para a formação integral das nossas crianças. Não somos ainda um país de leitores. Infelizmente, nem todos alunos têm essa oportunidade, algo que é um direito deles. Por isso, atividades desta natureza não podem ficar de fora de seu planejamento.
– Oferecer modelos de referências para auxiliar os alunos a compreenderem os diferentes tipos de textos – é o que chamo de modelização.
Por exemplo, se em minha turma de alfabetização a proposta é escrever um texto instrucional sobre um modo de fazer um determinado brinquedo, não começo pela escrita do texto. Primeiro, ofereço modelos (orais e/ou escritos) deste gênero texto para repertoriar e oferecer referências que os irão auxiliar futuramente. Exploro oralmente as características dos textos apresentados. No caso de textos instrucionais, lemos e seguimos o passo a passo para fazermos aquele brinquedo ou brincadeira.
O próximo passo é partir para a escrita. Começamos por uma redação coletiva, na qual sou a escriba da turma. Em seguida, proponho produções em grupos, duplas ou individuais.
As metodologias ativas, como os circuitos de aprendizagem, a sala de aula invertida, entre outras, são estratégias permanentes em minha prática pedagógica. Foi uma mudança que fiz, pois compreendi que era necessário para atender as diferentes necessidades de aprendizagem e acompanhar as mudanças na Educação.
Mas, e vocês, queridos alfabetizadores? O que mudou em sua prática pedagógica na alfabetização dos seus alunos? Quais são as práticas que se tornaram permanentes por impactar positivamente a aprendizagem dos seus alunos? Compartilhe nos comentários.
Um abraço e até a próxima!
Mara Mansani
Mara Mansani é professora há 34 anos, lecionou em vários segmentos, da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em 2006, teve dois projetos de Educação Ambiental para o Ensino Básico publicados pela ONG WWF, no livro “Muda o Mundo, Raimundo”. Em 2014, recebeu o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com Lengalenga.
Fonte: Nova escola