Judiciário
Defesa vai ao STF provar que ex-diretor da Abin não pilotou drone
Paulo Magno é acusado de espionar ex-governador, mas não estava no Ceará na data
Paulo Magno é acusado de espionar ex-governador, mas não estava no Ceará na data
O jornal Folha de São Paulo conseguiu informações de que o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Paulo Magno de Melo Rodrigues Alves, investigado pela Polícia Federal (PF) por suposta espionagem contra o então governador do Ceará Camilo Santana (PT), não pilotou o drone nem estava no estado no dia do ocorrido.
A PF afirma que Paulo Magno fazia parte da “Abin paralela” criada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que foi flagrado pilotando um drone nas proximidades da residência oficial de Santana em 2021.
Mas, autoridades ouvidas pela Folha, que acompanham os desdobramentos do caso, afirmam que o drone não foi pilotado pelo acusado, mas sim por um oficial de inteligência que havia sido deslocado de Brasília e uma servidora da Abin lotada na superintendência local do Ceará.
A guarda palaciana chegou a abordar a dupla, pois, por se tratar de uma área de segurança, a presença de drones não é permitida. Foram os policiais também que verificaram a placa dos carros e pediram a identificação dos dois, que se apresentaram como agentes da Abin.
Conforme as informações das fontes ouvidas pela Folha, os agentes disseram não saber que estavam perto do Palácio da Abolição, e que o voo era apenas para que a servidora de Fortaleza fosse instruída a usar o equipamento.
O ex-diretor da Abin, por meio de seus advogados, apresentou uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso, dizendo que ele não estava no Ceará, nem era um dos agentes que foram abordados pelos policiais em 2021.
– O peticionário não é piloto de drones da Abin, sequer sabe pilotar esse aparelho e também não tem habilitação. Aliás, Paulo Magno tampouco estava no Ceará no momento em que teria ocorrido tal episódio – diz a petição assinada pelos advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Francisco Agosti e Marcelo Neves.
– Paulo Magno não pilota, nem nunca pilotou drone algum, seja no Ceará ou em qualquer outro lugar. Tal equivocada informação prestada pela PF induz o Poder Judiciário — e, depois das citadas notícias, a sociedade também— em erro, acarretando graves prejuízos à imagem e à reputação do peticionário – completa o documento.
Outra informação que a defesa do ex-diretor da Abin contesta é a de que ele seria “gestor do FirstMile”, o programa espião que teria sido usado pela gestão Bolsonaro para espionar adversários políticos. Os advogados garantem que o acusado não utilizava o sistema e não atuou como gestor do contrato ou da ferramenta.