AGRICULTURA & PECUÁRIA
Os melhores filmes de comédia disponíveis na Netflix
Se há um gênero generoso no cinema, ele é justamente o que nos faz rir. Isso porque não existe somente a comédia pura, crua. Ela vai se ramificando e alcançando quase todos os outros gêneros. Assim, existe a comédia romântica e também o “terrir”; a comédia dramática (e algumas de tão dramáticas podem nem ser vistas como parte do gênero), a de sátira com suas críticas afiadas e a pastelão. Também há a comédia de situação (que extrai humor do dia a dia) e a de constrangimento. Há ainda as comédias de costumes, de personagem, vaudeville, a farsa e a clássica Commedia Dell’Arte. E existem mais… É tanta diversidade que construir uma lista curta com o intuito de atender a tudo acaba sendo totalmente impossível.
Pensando nisso, o Canaltech listou 10 dos melhores filmes de comédia para assistir na Netflix. Entre tantas produções, os filmes a seguir servem tanto para expandir o repertório de vocês de alguma forma quanto para serem revisitados e reviverem momentos divertidos (ou até dramáticos).
10. Matilda
Começar a lista com um filme tão querido é sempre bom, ainda mais quando esse filme é dirigido de uma maneira que parece abraçar o espectador e por um sujeito que é igualmente apreciado. O que Danny DeVito faz com o roteiro de Nicholas Kazan e Robin Swicord é, aliás, não somente de uma demonstração de carinho enorme pelo cinema, é de uma sinceridade com o livro de Roald Dahl que deixa Matilda com um ar de seriedade tão intenso que, felizmente, nada é condescendente com as crianças. Ao mesmo tempo, o filme fica aberto para o encantamento dos adultos sem duvidar de suas inteligências. De quebra, ainda consegue ser engraçado. Um grande filme.
9. Como Sobreviver a um Ataque Zumbi
Um dos filmes com a menor aprovação da crítica entre todos os que compõem a nossa lista pode render momentos dos mais engraçados, como uma dança ao som de Britney Spears. Mas a união entre comédia, romance adolescente e zumbis é despretensiosa e sabe brincar com isso. Nela, três escoteiros, na véspera de seu último acampamento, descobrem o verdadeiro significado da amizade quando tentam salvar sua cidade de apocalipse zumbi.
8. Loucademia de Polícia
A comédia nonsense teve um auge entre a década de 1980 e o início dos anos 1990. Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu (1980), Corra que a Polícia Vem Aí! (1988), Top Gang! Ases Muito Loucos (1991)… são tantas e de tanta qualidade no fazer rir – para quem consegue embarcar no subgênero, claro – que é bem complicado comentar sobre indicações de comédias sem visitar esse período. Loucademia de Polícia é um representante dessa era. Mas não somente. O filme gerou seis sequências, com Loucademia de Polícia 7: Missão Moscou sendo o último. É inusitado, é sem noção, é escrachado e até tem toques de sátira… e deve fazer quem nunca assistiu querer acompanhar a história do grupo de desajustados de bom coração que entram para a academia de polícia para tentar a vida como policiais. Dá certo? Para eles (os personagens) só assistindo. Para o público, é só conseguir se entregar às maluquices.
7. Um Príncipe em Nova York
A década de 1980 marcou o cinema de ação, com seus brucutus. Mas a comédia também teve um destaque grande nesse período. Em Um Príncipe em Nova York, Eddie Murphy interpreta um monarca africano extremamente mimado que viaja para os EUA e se disfarça de plebeu para encontrar uma esposa que ele possa respeitar pela inteligência. Obviamente cheio de clichês do gênero, o filme do diretor John Landis (do já clássico Um Lobisomem Americano em Londres – filme de 1981) utiliza desses clichês para estruturar uma história engraçada, romântica e leve.
6. Toc Toc
O cinema espanhol tem se destacado dentro do catálogo da Netflix brasileira. E são muitos os filmes que trazem uma qualidade que alia tanto as questões da linguagem com o apelo popular, desde o primeiro boom que foi Um Contratempo. Toc Toc é uma comédia que brinca de maneira inocente e quase educativa com os portadores do transtorno obsessivo-compulsivo, tratando o tema com leveza e – por causa dessa leveza – com respeito. Talvez seja o filme a render as risadas mais empáticas da lista.
5. As Patricinhas de Beverly Hills
Rica e socialmente bem-sucedida, Cher (Alicia Silverstone) está no topo da escala de hierarquia onde estuda, em Beverly Hills. Ao se ver como casamenteira, Cher primeiro convence dois professores a namorar. A premissa parece boba (e é), mas existem tantos subtextos no comportamento das patricinhas do título e algumas risadas são tão sinceras que o filme pode encontrar um lugarzinho no coração de muita gente.
4. Debi & Lóide: Dois Idiotas em Apuros
Debi & Lóide: Dois Idiotas em Apuros está nem aí para muitas questões. Mas é um desleixo que, em revisões, demonstra um grande conhecimento de linguagem do cinema, tanto que, anos depois, um dos seus diretores teria um filme indicado ao Oscar. Claro que o tipo de humor de quem o assiste talvez precise estar afinado ao do filme. De todo modo, é um filme que consegue celebrar a frase mais conhecida de Confúcio: “O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante do idiota que quer bancar o inteligente.”
3. Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado
eria praticamente um crime não colocar Monty Phyton aqui na lista. […] Em Busca do Cálice Sagrado é daqueles filmes que, se você está com disposição para se entregar e comprar a ideia dos Cavaleiros que dizem Ni, pescando as referências do humor cru e ao mesmo tempo refinado da trupe, é uma obra-prima incontestável.
2. O Cidadão Ilustre
O cinema argentino tem produzido filmes relevantes ano após ano (desde muito tempo). E, felizmente, não está restrito a Ricardo Darín. O ator, que encabeçou aquele que, para muitos (entre os quais me incluo), é o melhor filme do seu país em muitos anos (O Segredo dos Seus Olhos, de 2009) e é sinônimo de talento e, acima de tudo, competência, parece ter “somente” aberto alas em um novo período para nossos hermanos. Se, em 1986, A História Oficial (1985) já havia recebido um Oscar, foi com a mais fácil difusão das produções (especialmente com o advento da internet e, mais recentemente, dos streamings) que houve uma merecida repercussão e grande reconhecimento público.
O Cidadão Ilustre trata de inspiração e criação como poucos filmes conseguem. De uma sutileza sem tamanho ao tratar o comportamento de um escritor com muito humor, o filme ainda consegue revelar os abismos culturais que cercam nossas vidas… ainda mais em um mundo globalizado. No fim, a maneira como discorre sobre as diferenças entre realidade e ficção é das mais originais do cinema e, se fosse somente esse encerramento, ainda assim mereceria ser visto.
1. Curtindo a Vida Adoidado
Um dos maiores clássicos cults da comédia, Curtindo a Vida Adoidado fala de tantas dores adolescentes e de uma forma tão doce sobre a vida que, não por menos, é lembrado em praticamente qualquer lista, referenciado constantemente (até por Deadpool) e quebra a quarta parede como poucos. Eu, que já tentei fugir dele na lista de filmes cults disponíveis na Netflix, não consegui segurar aqui. É um filme que resiste e resistirá por gerações porque, acima de tudo, como disse Roger Ebert, tem o coração no lugar certo.
Menções honrosas:
As menções a seguir também são em tom de indicação. Elas poderiam estar na lista principal e vice-versa. E outros poderiam compor tudo aqui como dito. Enfim. Lá vão:
- Minha Obra-Prima: Arturo é um negociante de arte inescrupuloso e Renzo seu pintor socialmente desajeitado e amigo de longa data. Dispostos a arriscar tudo, desenvolvem um plano extremo e ridículo para se salvarem. A sinopse oficial já me conquista. E é do mesmo diretor (Gastón Duprat) de O Cidadão Ilustre, então…
- Divertida Mente: Obra-prima? Para mim, sim. Para muita gente (público e crítica) também. É uma aula de linguagem e, ao mesmo tento, é dos trabalhos mais sensíveis da Disney/Pixar.
- A Grande Aposta: Comédia ácida? Drama sobre corrupção? Ou ambos? A velocidade da linguagem do diretor Adam McKey fala alto aqui. E vale a pena.
- O Máskara: Porque “Isso é demais!”
- As Travessuras de uma Sereia: Porque é um dos filmes mais bizarros do catálogo da Netflix. E as bizarrices podem ser muito engraçadas. Ah! E tem mensagem bem bacana também. Mas as bizarrices vencem… e pode valer a pena.
- Irmãos Gêmeos: Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito como irmãos gêmeos. Ponto.
- Disney/Pixar: Praticamente qualquer animação produzida pelas duas empresas em conjunto vale a pena.
Bônus Adam Sandler: Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe
Repleto de diálogos realistas e, ao mesmo tempo, estranhos, Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe é de uma precisão cirúrgica na concepção da relação entre um pai e seus filhos. Muito bem alicerçado nas atuações de Dustin Hoffmann (Harold), Ben Stiller (Matthew) e Adam Sandler (Danny), o diretor e roteirista Noah Baumbach (indicado ao Oscar pelo roteiro de A Lula e a Baleia, em 2006) fundamenta um filme cheio de humanidade, capaz de causar confusão, felicidade, acessos de raiva… sempre de uma maneira muito genuína e por meio da criação de sintonia entre filme e espectador.
Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe é, também, uma prova dupla: para os fãs e para os não-adeptos da carreira de Adam Sandler. Aqui, eles podem encontrar o ator em uma das suas atuações mais relevantes (ao lado de Reine Sobre Mim e Embriagado de Amor), tanto que o ator, merecidamente, foi ovacionado no Festival de Cannes de 2017. Apesar do humor meio amargo do personagem coincidir com muito do que Sandler já fez, há detalhes que o levam muito além, são camadas e mais camadas de um homem que jamais desistiu de ser feliz, mas, mesmo assim, sente-se fracassado.