O volume de ciberataques cresceu 23% no Brasil de janeiro a agosto, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados são do Panorama de Ameaças 2021 da Kaspersky, estudo anual feito pela equipe de pesquisa e análise da empresa na América Latina.
O relatório considera os 20 malwares mais populares do mundo que, juntos, somaram 481 milhões de tentativas de infecção, uma média de 1.395 ataques cibernéticos por minuto. Diante do cenário alarmante, a Kaspersky alerta que a segurança do trabalho remoto precisa ser levada a sério e a pirataria deve ser removida das casas e ambientes empresariais.
No geral, o aumento das ameaças foi observado em todos os países da América Latina, exceto pela Costa Rica, com queda de 2%. Na liderança, aparecem Equador (75%), Peru (71%), Panamá (60%), Guatemala (43%) e Venezuela (29%).
Ao todo, a Kaspersky contabilizou 2.107 ataques por minuto dos principais 20 malware na região. O Brasil é maior alvo, com 1.395 tentativas de infecção por minuto, seguido por México (299 bloqueios/min), Peru (96 bloqueios/min), Equador (89 bloqueios/min) e Colômbia (87 bloqueios/min).
“Quando analisamos os bloqueios realizados por nossas tecnologias, identificamos famílias de malware que nos permitem dizer que os internautas latino-americanos procuram as ameaças, pois são disseminadas por meio da pirataria de programas”, analisa Dmitry Bestuzhev, diretor da equipe de pesquisa e análise da Kaspersky na América Latina.
Ataques em ascensão
Dentre os golpes mais comuns, estão aqueles que utilizam PDF e trojans web para roubam dados de cartões de crédito. Por outro lado, a pesquisa indica que os ataques de phishing (mensagens fraudulentas) estão diminuindo. Mesmo assim, o Brasil detém a primeira colocação na região com 15,4% dos internautas registrando tentativas desse ataque.
A terceira ameaça mais comuns para os internautas está relacionada a plataformas móveis. A Kaspersky registrou mais de 173 mil tentativas de infecções, uma média de cerca de 20 bloqueios por hora na América Latina. A principal ameaça são os adware que visam gerar lucro mostrando propaganda indesejada às vítimas, mas há outras duas famílias mais sérias: programas que visam obter controle total do celular e um stalkerware, que são programas comerciais de espionagem.
Em resumo, o relatório da Kaspersy conclui que o ambiente corporativo demostra que as empresas não souberam realizar a migração para o ambiente de trabalho remoto de forma segura. Uma vez que o home office exige acessos remotos, o estudo mostra que esta tecnologia não está protegida, expondo os negócios às ações dos cibercriminosos.
“Este tipo de ataque explora vulnerabilidades presentes nas tecnologias de acesso remoto ou tenta adivinhar as senhas de acesso da máquina ou servidor conectado na internet e entrar na rede das empresas para roubar dados e extorqui-las. Ao comparar os oito primeiros meses de 2020 com os de 2021, verificamos aumento de 78%”, afirma o diretor. Dentre os países mais atacados, estão: Brasil (mais de 5 milhões de tentativas de ataques neste ano), Colômbia (1,8 milhão), México (1,7 milhão), Chile (1 milhão) e Peru (507 mil).
Sistemas industriais
O relatório também aponta o uso de sistemas obsoletos em estações de trabalho e também nos sistemas operacionais de indústrias como agravante. Como consequência, Dmitry aponta o aumento da circulação do ransomware WannaCry na indústria, mesmo depois de quatro anos.
Em média, uma tentativa de ataque a sistemas industriais é bloqueada por hora na América Latina e mais de 11 mil ataques contra estações de trabalho Windows por hora. Entre as ameaças mais comuns para o sistema operacional da Microsoft estão golpes financeiros que roubam o dinheiro das companhias, programas de espionagem e ferramentas de administração remota.
A pirataria também afeta servidores, que muitas vezes armazenam todas as informações da companhia. Segundo o especialista, foram bloqueados mais de mil tentativas de ataque por hora contra servidores Windows e observada a mineração maliciosa de criptomoedas e o WannaCry entre as ameaças mais populares. “O que mais me preocupa são as ferramentas de movimentação lateral que indicam a existência de um ataque de ransomware dirigido. Estes ataques já cresceram mais de 700% neste ano”, destaca Bestuzhev.
Outro ponto de alerta são os ataques a sistemas Linux. De acordo com o panorama, 75% dos bloqueios ocorreram em servidores Linux e os demais focam em ambientes virtualizados. “A principal ameaça deste sistema operacional é a mineração maliciosa – e são trojans criados especialmente para esta plataforma”, complementa. Outro destaque é o Javali, que faz parte do Tetrade, família de trojans brasileiros que se expandiram para a América Latina e Europa e visam o roubo financeiro.
